terça-feira, 30 de abril de 2019

*Resenha do livro : "A Confissão da Leoa" - Mia Couto.

*Resenha do livro "A Confissão da Leoa".
*Autor : Mia Couto.
*Editora : Companhia das Letras.



        Este livro, no meu ponto de vista, narra a vida sofrida, triste e muito pobre das mulheres negras da África do Sul. Mia Couto faz uma analogia da bravura, da ferocidade e da amorosidade da leoa com a alma dessas mulheres !
      A história tem como palco a aldeia de Kulumani e como protagonistas, um moço chamado Arcanjo Baleiro e uma menina-moça chamada Mariamar !
      Gostei muito de Adjiru Kapitamoro , o avô de Mariamar ! Pessoa que a amou de verdade !
       Diverti-me às pampas com as falas de dona Naftalinda, a esposa do administrador ! Mulher destemida, sincera, uma guerreira !!!
       Kulumani é uma aldeia simples, rústica, pobre e as mulheres só têm vez na hora de trabalhar e fazer sexo com o marido !
       Fiz várias anotações durante a leitura e vou colocar apenas 03 aqui nesta resenha, ou melhor , nesse comentário ! Ei-las :

"Antes de ficar órfão, tudo em mim estava intacto : a casa, o tempo, o céu onde me diziam que a minha mãe andava guardando as estrelas. De repente, porém, olhei a Vida e assustei-me : era tão infinita e eu tão pequeno e tão só. Subitamente, pisei a Terra e encolhi-me : tão poucos eram os meus pés. De repente, não havia senão o passado : a morte era uma lagoa mais escura e mais lenta que o firmamento. A mãe estava na outra margem, escrevendo cartas , e o meu pai nadava sem nunca atravessar o infinito lago."
(Diário do Caçador - 1 - O Anúncio).

"Todos acreditam que são leões machos que ameaçam a aldeia. Não são. É esta leoa, delicada e feminina como uma dançarina, majestosa e sublime como uma deusa, é esta leoa que tanto terror tem espalhado em todas as vizinhanças. Homens poderosos, guerreiros munidos de sofisticadas armas : todos se prostraram, escravos de medo, vencidos pela sua própria impotência."
(Versão de Mariamar - 2 - O regresso do rio )

"O administrador é mais explícito : há na aldeia uma serpente que circula pelo silêncio dos tetos e pela lonjura dos caminhos. Essa peçonhenta criatura procura as pessoas felizes para as morder e as envenenar, sem que elas se apercebam nunca. Esta é a razão porque, em Kulumani, todos padecem da mesma infelicidade. Todos têm medo, medo da vida, medo dos amores, medo até dos amigos. Uns chamam a esse monstro de diabo.Outros chamam-no de shetani. A maior parte, porém, chamam-no de "serpente coxa". O escritor interrompe a longa narrativa :
- Desculpe, meu caro administrador, mas para mim, essa serpente somos nós mesmos.

(Diário do Caçador - 4 - Rituais e Emboscadas ).

         *   *   *

      Mia Couto encantou-me com a sua prosa poética ! Ele penetra no cerne da alma dos personagens e você se sente o próprio personagem ao ler o livro !
      De zero a dez, minha nota para esse livro é nove ! Gostei muito ! Recomendo.
*Observação : li este livro no formato de e-book e no app Kobo instalado no meu tablet e no
meu notebook. Comprei este livro digital na Livraria Cultura.
       
         *   *   *

*Guaratinguetá, Páscoa de 2019 ou Abril de 2019.

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                                                          *Mia Couto *
     

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