quarta-feira, 13 de novembro de 2019

*Resenha do e-book : Homem Livre - Ao redor do mundo sobre uma bicicleta.




*Resenha do e-book : Homem Livre – Ao redor do mundo sobre uma bicicleta.
*Autor : Danilo Perrotti Machado e Gisele Mirabai.
*Editora : Ciao Ciao  Editorial.

Homem Livre foi um projeto de um rapaz mineiro de Belo Horizonte que viajou pelo mundo pedalando uma bicicleta ! Ele se chama Danilo Perrotti Machado e saiu de BH no dia 08 de Agosto de 2008 e voltou no dia 11 de Novembro de 2011 ! Foram três anos e três meses e três dias de viagem !!!
Gostei do livro porque fiquei muito admirada com a proteção divina que ele teve durante toda essa longa jornada – que ele , às vezes , denomina de “uma grande reunião comigo mesmo “ ! - ; com a coragem dele e em constatar como as pessoas sempre são AS MESMAS independente da cidade , do estado, do país, do continente que elas moram ! A nossa ESSÊNCIA  é mesmo IMUTÁVEL.
Danilo vai pedalando , se empolgando com a natureza , refletindo sobre a vida, as pessoas ; a vida dele , as pessoas que o rodeiam ... e eu gostei de fazer este “passeio” com ele através deste livro que ele decidiu editar e no qual teve o significativo auxílio da escritora GISELE MIRABAI !
*Digo que ele foi muito corajoso porque nem de brincadeira , pedalando uma bicicleta, comendo miojo, dormindo em vários lugares totalmente desconfortáveis – e , muitas vezes , perigosos ! – eu me veria viajando assim !!!
*Gostei – entre tantas constatações !!! – da visão clara  que ele teve de COMO a EDUCAÇÃO ou a falta dela influencia a vida das pessoas !!!
Fiquei também admirada de como ele conseguiu se sair bem em países cujo a língua ele não conhecia e em como o Brasil se faz conhecido quando você cita o nome Pelé !!! Também gostei de ter a certeza de que aprender a língua inglesa é realmente algo MUITO IMPORTANTE !!!
*Destaquei um total de 144 trechos de texto durante toda a minha leitura e escolherei apenas 07 para citá-los aqui :

*Trecho 1 - (Posição 468 ) :

 Quando alinhamos o nosso coração com o tempo do mundo, a pressa desaparece e uma mágica acontece. Ao fazermos o que gostamos, seguindo a nossa vocação, as batidas do coração se harmonizam com o ritmo de todas as coisas, e por isso acontece algo inusitado: a vida passa a dar certo.

           *   *   *

*Trecho 2 - (Posição 1110 ) :

Assim que terminamos de colocar os alforjes na bicicleta, eu a abracei e ela ficou triste, fazendo cara de choro. O menino ficou rindo demais, nervoso e agitado. Incrível como, em uma única noite, uma família pode te dar tanto amor, como se fosse a sua própria. Muito obrigado, Bósnia, eu disse, mas era preciso seguir em frente.

            *   *   *

*Trecho 3 - (Posição 1251 ) :

De passagem, dá para sentir as pessoas, a arquitetura, a paisagem como um único bolsão de informação, e notar como tudo isso afeta você. Quem está dentro daquela realidade, com o embotamento causado pela rotina, não percebe, mas aquele que passa consegue sentir como as características de um ambiente interferem na sua maneira de pensar, ser e agir.

Já há algum tempo, eu vinha pensando sobre isso. Sobre essa conexão do interno com o externo. Ainda não sabia o que vinha primeiro, se era o tempo e o espaço que influenciavam a mente, ou se a mente que criava aquela atmosfera. Sabia apenas que, com a mente lavada por causa do banho no lago macedônio, percebi como a correria, a poluição e o cheiro de esgoto vieram como uma porrada no meu edifício de pensamentos. E algo desmoronou.

            *   *   *

*Trecho 4 - (Posição 1359 ) :

Pedalando debaixo daquela chuva chata, eu pensava sobre a natureza humana. A maioria dos homens gira no reino do vício, sexo, dinheiro e poder.

           *   *   *

*Trecho 5 - (Posição 1367 ) :

No Brasil, a religião era uma ferramenta efetiva para tirar os homens do álcool e das drogas. Usava-se, por exemplo, uma expressão “encontrei Jesus”, para um homem que deixasse de beber e passasse a frequentar a Igreja. E o homem busca essa proteção porque nada é mais difícil do que ter responsabilidade sobre si mesmo. Além do mais, essa escolha do que é melhor para si não é estimulada pelos órgãos dominantes. Como é difícil para o homem ser livre. Como é difícil para um homem saber que é dono de sua própria escolha e usá-la de uma forma consciente que liberte a si mesmo. E quem sabe a outros homens.

           *   *   *

*Trecho 6 - (Posição 1390 ) :

A ilha de Corfu, um pequeno pedaço de terra cercado de montanhas, encontrava-se com todas as suas portas fechadas por causa do inverno europeu. Grandes hotéis trancados, ruas vazias, carros parados e empoeirados. Como estava bastante adiantado no cronograma, decidi passar uns dias na ilha, onde o que não faltava era lugar para acampar. Pedalava pouco por dia, descansava bastante e, num desses pequenos passeios, vi uma plaquinha apontando para o caminho entre duas praias, dizendo que ali havia uma Igreja. Fui seguindo pela trilha, com o mar batendo dos dois lados e um rochedo por onde a espuma entrava e depois saía, com o movimento das águas. O silêncio do entorno e o ir e vir das ondas pareciam mesmo guardar aquele lugar sagrado no Mediterrâneo. No fim do caminho, encontrei a pequena capela encravada numa rocha. Uma igrejinha branca e vazia, com a porta fechada com uma corda. Abri a porta e apenas o ranger da madeira ecoou pelo espaço, que logo voltou a ocupar a imensidão do silêncio. Pelas janelas, a luz do sol entrava, formando rastros de poeira que dançavam pelo ar, mostrando que aquele lugar há muito não era visitado. Nas paredes, fotos de santos católicos, uma mesa com restos de velas e um chapéu com um monte de moedas de euro. Moedas velhas e enferrujadas. Vi as moedas e pensei que precisava de dinheiro para continuar a minha viagem, enquanto a Igreja Católica já tinha um monte dele, há séculos. Então peguei quatorze euros em moedas de dois, um e cinquenta centavos. Senti na hora a energia carregada daquelas pequenas rodas de metal, uma atribuição de valor densa que vinha desde a Idade Media, aliás, desde muito antes, e pensei: vou transformar toda essa energia pesada em liberdade. Vida eterna ao homem livre, disse dentro da capela. Vida eterna ao homem que se responsabiliza por seus próprios atos e percebe que ele é o criador de si mesmo. Ao homem dono de seus pensamentos, que escolhe como construir a própria realidade. Era nisso que eu acreditava. E me deitei na grama de frente para a praia, com a Igreja ao fundo, pensando no meu ato e em tudo que tinha vivido até ali. Aquelas moedas eram o meu pote de ouro no final do arco-íris. Não pelo valor, que era muito pouco, mas pelo caminho que eu tinha percorrido até então. Senti que o Projeto Homem Livre ia ganhando mais força. Eu era só um homem e aquela era só uma capela, mas sentia que tinha acabado de peitar a Igreja Católica, um grande poder que rege há milênios parte da humanidade. Que já tinha causado tantas guerras, mortes, tanta destruição em nome de Jesus que, com certeza, não tinha sonhado com um mundo assim, com tanto sangue derramado em seu nome. Me levantei e fui pedalando sozinho pela trilha, no meio do mar e das montanhas. Esperava também que aquele pote de ouro se transformasse em dinheiro de verdade. Eu tinha planejado e elaborado um projeto que vinha com todo cuidado sendo executado, mas não estava sendo nada fácil realizá-lo, assim, sem dinheiro. Difícil exercer seu direito de liberdade sem a prosperidade. Na pausa de fim de ano com minha família, ficaria uns dias na internet, entrando em contato com as empresas e tentando mais uma vez o recurso financeiro. Sim, como o arco-íris no fim da autopista da Alemanha, ele haveria de surgir.

           *   *   *

*Trecho 7 - ( Posição 1697 ) :

Para conhecer o mundo, basta conhecer as pessoas que o habitam. Mas é preciso estar aberto para cada pequeno encontro do dia-a-dia, o que só acontece se você larga mão dos seus próprios tormentos mentais e deixa a vida acontecer.

             *   *   *  
*Países que o Danilo passeou pedalando uma bicicleta :

1- Inglaterra ;

2- Holanda;

3- Dinamarca ;

4- Noruega ;

5- Suécia ;

6- Alemanha ;

7- República Tcheca ;

8- Áustria ;

9- Eslovênia ;

10- Croácia ;

11- Bósnia e Herzegovina ;

12- Sérvia ;

13- Kosovo ;

14- Macedônia ;

15- Albânia ;

   Parte 2 -

16- Itália ;

17- Grécia ;

18- Turquia ;

19- Chipre ;

20- Israel ;

21- Jordâni ;

22- Egito ;

23- Sudão ;

    *Parte 3 -

24- Iêmen ;

25- Omã ;

26- Emirados Árabes Unidos ;

27- Irã ;

28- Paquistão ;

     *Parte 4 -

29- India ;

30- Nepal ;

31- Bangladesh ;

32- Sri Lanka ;

    *Parte 5 -

33- Tailândia ;

34- Laos ;

35- China ;

36- Hong Kong;

37- Macau ;

38- Vietnã ;

39- Camboja ;

40- Malásia ;

41- Singapura ;

42- Indonésia ;

43- Timor Leste ;

     *Parte 6 -

44- Austrália ;

45- Nova Zelândia ;

46- Canadá ;

47- Estados Unidos ;

     *Parte 7 -

48- México ;

49- Belize ;

50- Guatemala ;

51- El Salvador ;

52- Honduras ;

53- Nicarágua ;

54- Costa Rica ;

55- Panamá ;

56- Colômbia ;

57- Equador ;

58- Peru.

     *Parte 8 -

59- Brasil.

         *   *   *

*Dou nota 08 para o livro e recomendo. É um rico passeio sem sair de cima da cama do seu quarto.
*Guaratinguetá – Novembro de 2019.



                                               *Danilo Perrotti Machado.











quinta-feira, 3 de outubro de 2019

*Resenha do e-book : "Cadê você Bernadette ?" - Maria Semple.



 *Resenha do e-book : “Cadê você Bernadette ?” .
*Autora : Maria Semple.
*Tradutor : André Czarnobaí.
*Editora : Companhia das Letras.

Este livro conta a história de Bernadette , uma mulher muito inteligente, criativa que decidiu parar de criar devido a algumas decepções que ela teve na vida profissional !
Bernadette é uma mulher que se formou em arquitetura e foi aclamada como uma das melhores profissionais do ramo no seu país !
Quando comprei este e-book ( dou preferência aos livros eletrônicos e a maioria compro na Livraria Amazon e os leio ou no meu Kindle ou no aplicativo Kindle que instalei no meu notebook ! ) eu imaginei que seria uma história leve, suave e muito divertida ! Eu me enganei totalmente !
Este livro fala sobre situações dolorosas, sérias e que faz a gente parar e pensar !!! Gostei !!!
Não se trata apenas de uma filha amorosa em busca da mamãe ou de uma mulher desvairada, excêntrica , estranha , esquisita, desequilibrada !
Vi neste livro uma mulher que estava se auto-punindo deixando de exercer a profissão que tanto amava , deixando de agir de acordo com a sua inteligência brilhante e por isso, estava desajustada e não querendo mesmo se relacionar com ninguém , evitando as pessoas !!!
Neste livro Maria Semple colocou como pano de fundo a cidade de Seattle e também cita um passeio na Antártida !
Quero colocar aqui alguns trechos que eu destaquei desta minha leitura :
Se Bernadette fosse apenas uma mulher no canteiro de obras tentando pedir que alguém soldasse metal, ela teria sido comida viva. E, não vamos esquecer, ela tinha trinta anos. A arquitetura é uma das poucas profissões nas quais idade e experiência são realmente vistas como qualidades. Uma mulher, jovem, sozinha, construindo uma casa praticamente sem plantas, bem, era o tipo de coisa que não dava pra fazer. Sabe, até o arquiteto da Ayn Rand era um homem.

(Posição 1584 )

            *   *   *

Eu pedi para ser deixada a sós com a minha filha. Uma vez, Elgie me deu um pingente de santa Bernadete, que teve dezoito visões. Ele disse que a Beeber Bifocal e a Casa das Vinte Milhas tinham sido minhas duas primeiras visões. Eu caí de joelhos na frente da incubadora de Bee e peguei meu pingente. “Nunca mais vou construir nada”, eu disse a Deus. “Eu renuncio às minhas outras dezesseis visões se você deixar meu bebê viver.” Funcionou.

(Posição 1915 )

            *   *   *

O lema desta cidade deveriam ser as palavras imortais pronunciadas por aquele marechal de campo francês durante o cerco a Sebastopol, “J’y suis, j’y reste” — “Aqui estou, aqui ficarei”. As pessoas nascem aqui, crescem aqui, vão para a Universidade de Washington, trabalham aqui, morrem aqui. Ninguém tem a menor vontade de ir embora. Se você pergunta “Então, do que mesmo você gosta tanto em Seattle?”, eles respondem: “Nós temos tudo aqui. As montanhas e a água”. Essa é a explicação que eles te dão, montanhas e água.
(Posição 1925 )

          *   *   *

Posso sentir a irracionalidade e a ansiedade sugando toda a minha energia como um carrinho movido à pilha encurralado no canto de uma parede. Eu precisava daquela energia para enfrentar o dia seguinte. Mas eu só ficava deitada na cama e via a tal energia se queimar e, junto com ela, qualquer esperança de ter um amanhã produtivo. A louça ia ficando pra lá, o mercado ia ficando pra lá, o exercício ia ficando pra lá, colocar o lixo na rua ia ficando pra lá. Um mínimo de gentileza humana ia ficando pra lá. Eu acordava tão suada que costumava deixar uma jarra d’água do lado da cama para não morrer desidratada.

(Posição 1947 )

           *   *   *

Eu amo tanto o papai. Me arrependi de ter sido tão má com ele no carro. Ele só estava tentando conversar comigo, e eu não sei por que eu não deixei. É claro que eu notei que ele nunca estava em casa. Notei por anos. Eu queria voltar correndo para casa e abraçar o papai e pedir que ele, por favor, não ficasse tanto tempo longe e que, por favor, não me mandasse para Choate, porque eu amo demais ele e a mamãe, eu amo demais a nossa casa, e a Picolé, e a Kennedy e o sr. Levy para ir embora. Eu sentia tanto amor dentro de mim. Mas, ao mesmo tempo, eu me sentia tão desamparada ali, de uma maneira que ninguém jamais entenderia. Eu me sentia tão só neste mundo, e tão amada ao mesmo tempo.

(Posição 2886 )

          *   *   * 

17H32 Branch: “Em março, vamos levar o Samantha 2 para o Hospital Walter Reed. Entrem agora no site da Microsoft para assistir a um vídeo em que veteranos paralisados usam o Samantha 2 para fazer comida numa cozinha especialmente projetada, assistir televisão, usar o computador e até mesmo cuidar de um animal de estimação. No Samantha 2, nosso objetivo é ajudar nossos veteranos feridos a viverem uma vida independente e produtiva. As possibilidades são infinitas. Obrigado”.

(Posição 2421 - Palestra de Elgin Branch no TED ).

          *   *   * 
Elgin Branch , marido de Bernadette, trabalha na Microsoft ! Ele é um profissional respeitado, famoso e competente ! Ele lidera uma equipe de 250 pessoas !!!
Na verdade , não gostei de Elgin Branch ! Na minha opinião , ele é um homem frouxo , um água com açúcar ! Deus me livre ! (Falo dele como marido de Bernadette ! ).
A Bee, (Balakrishna , nome da filha de Bernadette ! ), é uma menina meiga, doce e eu fico fã dela numa das defesas que ela faz da mãe para o pai dela ! Aplaudi !!!
O livro cita nomes de músicas e de alguns livros !!!
Gostei de saber sobre a Antártida e considerei muito bonitas algumas descrições sobre a paisagem dela !!!
Tomei conhecimento de algumas espécies de pinguins e do trabalho de alguns cientistas, biólogos que é exercido por lá ! É de emocionar quando constatamos que alguns conhecimentos que temos hoje , devemos à pessoas especiais ! Pessoas que foram apaixonadas pelo que faziam e dedicaram toda a sua vida em prol do conhecimento sabendo que este iria beneficiar muito as futuras gerações ! Isto é espetacular !!!
Notamos aqui como é importante o nosso convívio com os nossos vizinhos ou ... como um vizinho pode alterar toda a nossa vida !!!
*Gostei do livro ! De zero a cinco , dou nota 05 por se tratar de uma leitura diferente !!! Recomendo.
*Ah , eu ia me esquecendo de observar algo importante : essa narrativa se dá através de cartas, bilhetes, e-mails que são mencionados por Bee ! Pra mim , foi uma experiência nova, diferente ! No início, senti-me meio confusa, perdida ... depois , as peças foram se encaixando e eu fui me adentrando no mundo de Bee, Bernadette e Elgin Branch !!!


*Guaratinguetá – Outubro de 2019.










*Maria Semple * 



quinta-feira, 12 de setembro de 2019

*Resenha do livro : A Estepe - Anton Tchékhov.


* Resenha do livro : A Estepe.
Subtítulo : História de uma viagem.
Autor : Anton  Tchékhov.
Tradução : Rubens Figueiredo.
Editora : Companhia das Letras .

Anton Tchékhov conta a história de Legóruchka , um menino de 09 anos de idade que vai estudar em outra cidade a pedido de sua mãe , Olga Ivánovna , ao seu irmão , Ivan Ivánitch ou Kuzmitchóv , como também é chamado !
Kuzmitchóv e o padre Khristofor vão negociar umas vendas de lã e quem os levará será Deniska , o cocheiro.
Eles passam por várias aldeias e Legóruchka ouve muitas histórias dos carroceiros !!!
Os tipos da região são bem descritos por Anton Tchékhov  e a descrição que ele faz do entardecer , do anoitecer e do amanhecer da estepe me emociona , é poética !!! Colocarei aqui algumas das anotações que eu fiz desta leitura , alguns trechos que eu destaquei :

"Quando contemplamos o céu profundo por muito temposem desviar os olhos, não se sabe por que, os pensamentos e a alma se fundem na consciência da solidão. Começamos a nos sentir irremediavelmente sós e tudo que antes achávamos próximo e familiar se torna infinitamente distante e sem valor. As estrelas, que miram do céu há milhares de anos, o próprio céu insondável e a escuridão se mostram indiferentes à vida breve dos homens e oprimem nossa alma com seu silêncio, quando acontece de ficarmos cara a cara com eles e tentamos alcançar seu sentido; então, nos vem ao pensamento a solidão que aguarda cada um de nós na sepultura e a essência da vida parece misteriosa, assustadora ... "
(Capítulo VI; página 03 ).

                                *   *   *

- Eu ainda não sou tão tolo a ponto de me comparar a Varlámov - respondeu Solomon, olhando com ironia para seus interlocutores. - Embora Varlámov seja russo, no espírito, é um judeu desprezível; passou a vida inteira no meio do dinheiro e do lucro, enquanto eu queimei meu dinheiro no fogo da estufa. Não preciso de dinheiro nem de terra nem de ovelhas, não preciso que tenham medo de mim nem que tirem o chapéu quando passo. Portanto sou mais inteligente que seu Varlámov e mais parecido com um homem ! (Capítulo III – página 31 ).

                                  *   *   *
- Estudar ? Arrá ... Que a Rainha do Céu o ajude. Pois é. Uma inteligência é bom, duas é ainda melhor. Para algumas pessoas, Deus dá uma inteligência; para outros, dá duas; e ainda tem gente com três ... Com três, sim senhor ... Uma inteligência é aquela que a mãe dá à luz , a outra vem do estudo , a terceira vem da vida boa. Então, meu rapaz, é bom quando alguém tem três inteligências. Não só para viver, mas até para morrer é mais fácil. Morrer, sim ... E todos vamos morrer, não tenha dúvida.
(Capítulo IV - página 22 ).

           *   *   *
" Mal o sol vai embora , a neblina envolve a  terra e a tristeza do dia é esquecida, tudo é perdoado e a estepe suspira de leve, com seu peito largo. "
(Capítulo IV - página 06 )
            *   *   *

Fazia décadas que eu não lia um livro com tanto prazer  e em apenas dois dias !!! Fiquei contente !!! (É verdade que se trata de um livro com apenas 144 páginas ! Mas, eu me vi envolvida pela história e isso me alegrou muito !!! ).
O escritor usa de muitos adjetivos e dá vida, cor, sabor , formas para uma região aparentemente sem vida, sem graça , nada atraente e isso me encantou !!!
Também apreciei muitos os tipos que ele cita , os carroceiros e aqui vai uma observação do personagem protagonista , do Legóruchka :

"Enquanto comiam, todos conversavam. Daquela conversa, Legóruchka entendeu que seus novos conhecidos, apesar das diferenças de idade e personalidade, tinham uma coisa em comum que os tornava parecidos : todos tinham um passado maravilhoso e um presente ruim; sobre o passado , todos, sem exceção, falavam com entusiasmo; já, sobre o presente, se exprimiam quase com desprezo. O russo ama recordar, mas não ama viver; Legóruchka ainda não sabia disso e, antes de toda a papa ser devorada, ele já estava profundamente conhecido de que, em redor da panela, estavam pessoas ultrajadas e maltratadas pelo destino. "
(Capítulo V - página 26 ).

          *   *   *
Uma observação : li este e-book através do aplicativo Kobo no meu notebook e no meu tablet ! O Kobo é um aplicativo de leitor de livros eletrônicos da Livraria Saraiva e este e-book eu o adquiri nesta referida livraria ! O Kobo divide o livro em capítulos e menciona o total de página de cada capítulo ! Cada e-reader (leitor de livro digital ) traz uma configuração específica ! Normal. Já me habituei com eles : Lev , Kobo e Kindle ! (Prefiro o Lev ! Mas, os preços dos livros eletrônicos da Livraria Amazon são realmente os melhores !!!  ).
Pessoal de 0 a 5 , dou a nota 5  para este e-book !!! *Ameiiiiiii !!! Recomendo, claro.
*Ah, considerei Legóruchka um menino corajoso , uma pessoa muito boa !!!

*Guaratinguetá, 12 de Setembro de 2019.


                                      *Anton Tchékhov. 





domingo, 8 de setembro de 2019

*Resenha do livro : "O Buraco da Agulha " ; Ken Follett. - Ed. Arqueiro.



*Resenha do livro "O Buraco da Agulha ".
Autor : Ken Follett.
Editora : Arqueiro.

      "O Buraco da Agulha " narra a história de Die Nadel, um espião alemão que está morando em Londres e descobrindo toda a farsa dos ingleses para eles ganharem a segunda guerra mundial !Estamos na década de 40 !
       Gostei do livro ! Trata-se de uma história fluida, tranquila e de um suspense muito bem elaborado ! 
       Quero postar aqui algumas das anotações que eu fiz ! 
    
           *   *   *
       
As construções eram altas, estreitas e escuras, como a mente dos homens para quem haviam sido construídas.(Posição 184 )

Ao redor da maior parte da costa, os penhascos se erguem do mar frio sem a cortesia de uma praia. Com raiva dessa grosseria, as ondas golpeiam a rocha numa fúria impotente; um ataque de mau humor que dura dez mil anos e a ilha ignora impunemente.- (Posição 844 ).


 O quarto era o lar de um homem que vivia de lembranças: havia pinturas de navios a vela, um sextante, uma luneta e uma foto dele quando jovem a bordo do Winchester. - (Posição 1717 ).

Na guerra, os meninos viram homens, os homens viram soldados e os soldados são promovidos. - (Posição 1806 ). 

O medo de ser fraco fazia parte da síndrome que incluía sua independência obsessiva, sua insegurança e seu desprezo pelos superiores militares. - (Posição 3929 ).

De repente Godliman percebeu que Churchill não era um homem grande – mas sentava-se como um homem grande: ombros encurvados, cotovelos nos braços da cadeira, queixo abaixado, pernas abertas. Em vez do famoso macacão, ele estava usando um terno de advogado – paletó preto curto e calça cinza de risca de giz – com gravata azul de bolinhas e camisa de um branco luminoso. Apesar do corpo atarracado e da pança, a mão que segurava a caneta-tinteiro era delicada, com dedos finos. A pele era rosa-bebê. A outra mão segurava um charuto, e na mesa, ao lado dos papéis, havia um copo com o que parecia uísque. - (Posição 4753 ).

Estava convencida de que máquinas eram coisas simples: era a apreensão, e não a idiotice, que deixava as mulheres desajeitadas diante de uma peça de engenharia.- (Posição 5883 )

Ansiou por aquela vida simples: levantar-se de manhã, fazer o café, vestir Jo, realizar tarefas simples, entediantes, seguras como lavar roupa, limpar a casa, pegar ervas na horta e fazer chá. Parecia incrível ter se sentido tão insatisfeita com a falta de amor de David, com as longas tardes de tédio, a interminável paisagem sem graça, formada por relva, urzes e chuva. Aquela vida não voltaria jamais.Lucy quisera empolgação, cidades, música, pessoas, ideias. Agora o desejo por essas coisas a havia abandonado e ela não conseguia entender como ele já existira. Sentiu que tudo que um ser humano deveria pedir era paz.- (Posição 6003 ).

           *   *   *

     Admirei a fidelidade de Die Nadel à "Willi" e a coragem de Lucy ! Aplaudo Ken Follett por ter criado - naquela época ! - uma personagem feminina que é feminina e valente, inteligente, corajosa.
     Recomendo o livro. Dou nota - de 1 a 5 ! - 3 !


*Guaratinguetá , Setembro de 2019. 







domingo, 25 de agosto de 2019

*Resenha do livro : "Endurance : um ano no espaço".




*Resenha do livro : “Endurance : um ano no espaço.”
Autor : Scott Kelly com Margaret Lazarus Dean.
Tradução : Andrea Gottlibe e Thaís Paiva.
Editora : Intrínseca.

Quando decidi comprar este livro, pensei : vou ler uma história fantástica, alegre e cheia de glamour, vitórias ! Em parte, acertei ! Em parte ! Porque o que vivi através deste e-book ( li em formato digital ! Prefiro os e-books ! Por vários motivos ! ) foi uma história real, verídica e de muitos momentos dificílimos , de superação, de ousadia, de determinação !!! Tornei-me, por isso, fã desse homem , desse astronauta !!!
Scott Kelly é um homem que veio de uma família classe média baixa e que nunca se sobressaiu na escola ! Pelo contrário, ele era tido como um aluno medíocre ! Até que, um dia, entrando numa biblioteca e pegando – por acaso ! – um livro para ler enquanto esperava o seu irmão gêmeo, Mark, decidiu ser astronauta !!! À partir deste momento, tudo na sua vida foi focado neste objetivo !!!
Gostei demais do livro ! Em alguns momentos, eu parava para pensar na minha vida e na vida dos meus filhos !!!
Algumas vezes senti um pouco de aflição, angústia quando ele começava a narrar as dificuldades que eles têm para realizar as tarefas extraveiculares na Estação Espacial Internacional !
Senti muito orgulho dele quando ele confessa determinados sofrimentos, medos, pensamentos ! Não é fácil se expor ! Muito menos quando se é uma celebridade, uma pessoa muito importante para o planeta ! Ele realmente sabe ser ousado !!!
Em algumas cenas, poucas ! , diverti-me, dei risada !!!
O que eu mais fiquei admirada foi de como ele tinha consciência de TODOSSSSSS os riscos !!! Percebi como os DETALHES são importantes na nossa vida !!! Às vezes, por causa de um insignificante descuido, você poderá colocar a sua vida e a vida de outras pessoas em risco !!!
Scott Kelly cita dois livros nessa sua narrativa : “A incrível viagem de Shackleton : A mais extraordinária aventura de todos os tempos “ por Alfred Lansing , ed. Sextante e o livro “The Right Stuff “ (Os Eleitos) de Tom Wolfe;  ed. Farrar , Straus and Giroux . Futuramente, pretendo ler o do Shackleton ! Já o tenho na minha biblioteca do Kindle !
Quero colocar aqui algumas das muitas anotações que eu fiz ! Darei ênfase aos momentos das atividades extraveiculares :
As atividades extraveiculares são
muito mais arriscadas do que
qualquer outro momento do período
que passamos em órbita — há muito
mais variáveis envolvidas, tantas
peças dos equipamentos que podem
falhar e procedimentos que podem
dar errado. Ficamos muito
vulneráveis aqui fora.(Posição
4959 - Kindle )

*   *   *

Meu objetivo era sair bem cedo da
cabine — tenho a filosofia de que,
para tarefas complicadas, se você
não estiver adiantado em relação
ao cronograma, já está atrasado.
Kjell e eu passamos uma hora
respirando oxigênio puro para
reduzir a quantidade de nitrogênio
no sangue a fim de evitar o mal da
descompressão. Kimiya é o
tripulante intraveicular (IV)
dessa atividade extraveicular,
responsável por nos ajudar a nos
vestirmos, administrar o
procedimento de respiração prévia
de oxigênio, bem como controlar a
cabine pressurizada e seus
sistemas. Essas tarefas podem
parecer simples, percorrendo um
checklist com centenas de passos,
mas é um trabalho decisivo para
Kjell e para mim. É praticamente
impossível vestir e tirar um traje
espacial sem ajuda, e, se Kimiya
cometer o menor erro sequer —
calçar minha bota incorretamente,
por exemplo —, posso ter uma morte
terrível. Meu traje inclui um
sistema de apoio à vida que mantém
o oxigênio fluindo, limpa o
dióxido de carbono que expiro e
mantém o fluxo de água fria pelos
tubos que cobrem meu corpo a fim
de que eu não sofra um
superaquecimento. Embora não tenha
peso, o traje continua tendo
massa. Além disso, é rígido e
volumoso, o que o torna difícil de
manejar.

Coloquei as calças do traje, e
Kimiya me ajudou a entrar na parte
dorsal dura. Quase deslocando os
ombros e distendendo os cotovelos,
empurrei os braços para dentro das
mangas e passei a cabeça através
da gola. Kimiya conectou a veste
de resfriamento líquido pelo
umbigo, e em seguida selou as
calças ao torso. Cada conexão
entre as peças do traje é crítica.
O último passo foi colocar o
capacete. Meu visor fora equipado
com lentes de Fresnel para
corrigir minha visão sem que eu
tivesse que usar os óculos nem
lentes de contato. Óculos podem
escorregar, em especial quando me
exercito e suo, e não consigo
ajustá-los quando estou de
capacete. Lentes de contato seriam
uma opção, mas meus olhos não se
acostumam a elas. Assim que nos
vestimos, Kimiya nos ajudou a
flutuar para a cabine pressurizada
— primeiro eu, depois Kjell —,
permitindo-nos conservar nossa
energia para o que estava por vir.
Em seguida, flutuamos e aguardamos
que o ar fosse bombeado para fora
da cabine e de volta para a
estação. O ar é um bem precioso,
então não queremos descartá-lo no
espaço. A voz de Tracy quebra o
silêncio: — Certo, rapazes, com
Scott na liderança, daremos início
à translação para seus respectivos
locais de trabalho. - (Posição
4973 - Kindle ).

*   *   *

A cor e o brilho do planeta,
espalhando-se em todas as
direções, são impressionantes. Já
vi a Terra de janelas de
espaçonaves incontáveis vezes até
hoje, mas a diferença entre ver o
planeta de dentro de uma nave,
através de várias camadas de vidro
blindado, e vê-la aqui fora é como
a diferença entre ver uma montanha
da janela de um carro e escalá-la
até o topo. Meu rosto está quase
pressionado contra a fina camada
do visor de plástico transparente,
minha visão periférica parecendo
expandir-se em todas as direções.
Absorvo o azul estonteante, a
textura das nuvens, a variedade de
paisagens do planeta, a atmosfera
brilhante beirando o horizonte,
uma lasca delicada que possibilita
toda a vida na Terra. Não há nada
além do vácuo negro do cosmo além
dela. Quero dizer algo a respeito
a Kjell, mas não consigo pensar em
nada apropriado. - (Posição 5004 -
Kindle ).

*   *   *

Minha tarefa seguinte é trabalhar
na garra, ou “mão”, do braço
robótico. Sem ela, não podemos
capturar e fazer contato com os
veículos visitantes que entregam
alimentos e outros suprimentos
para o lado americano da estação.
Assim que prendo meu pé em um
imobilizador, percebo a sorte que
tenho: em vez de estar de frente
para o exterior sem graça de um
módulo da EEI, como em geral
acontece aos astronautas que
realizam atividades
extraveiculares (e, neste momento,
é o caso de Kjell), estou de
frente para a Terra. Observo a
vista deslumbrante abaixo dos meus
pés enquanto o planeta passa
durante meu trabalho, em vez de
ter que me virar e olhar de
esguelha por um raro momento
livre. Sinto-me Leonardo DiCaprio
na proa do Titanic, e sou o rei do
mundo. - (Posição 5036 - Kindle ).

*   *   *

A DATA DE 3 de novembro é o dia
das eleições de meio de mandato
nos Estados Unidos, então telefono
para a comissão de votação do meu
condado — Condado de Harris, Texas
— e pego uma senha que posso usar
para abrir um PDF que me enviaram
por e-mail mais cedo; preencho
minha cédula e mando de volta. Não
há políticos na cédula, só um
referendo. Não obstante, orgulho-
me por estar exercitando meus
direitos constitucionais do espaço
e espero que isso sirva para
passar a mensagem de que votar é
importante (e de que uma
inconveniência nunca é uma boa
desculpa para não votar). -
(Posição 5142 - Kindle ).

*   *   *

NOVEMBRO MARCA O aniversário de
nove anos da minha cirurgia, e
fico pensando que passei mais de
um ano da minha vida no espaço
depois de ter um câncer
diagnosticado e tratado. Não penso
em mim mesmo como um “sobrevivente
do câncer” — está mais para alguém
cuja glândula prostática teve
câncer e foi, por isso, removida e
descartada. Mas fico contente por
minha história ser um exemplo para
os outros, em especial para
crianças, de que somos capazes de
grandes conquistas. - ( Posição
5593 - Kindle ).

*   *   *

Penso em como Kjell e eu estamos
sozinhos aqui fora. O solo quer
nos ajudar, mas talvez não
consigamos ouvi-los. Nossos
companheiros de tripulação dentro
da estação fariam de tudo para
garantir nossa segurança, mas não
podem fazer nada. Kjell e eu só
temos um ao outro. Nossas vidas
estão em nossas próprias mãos.-
(Posição 5690 - Kindle ).

*Scott Kelly. 

*   *   *
É isso.
Na verdade, tive um pouco de dificuldade para eu escolher as anotações para mencioná-las aqui ! O livro todo é uma tremenda lição de vida e por três motivos : trata-se de uma história verdadeira ; nada foi aumentado, maximizado e é a história de um moço norte-americano cuja a família pertencia à classe social popular !!!
*Dou nota 10 para este livro e recomendo para quaisquer pessoas de quaisquer idade e nacionalidade !!!

*Guaratinguetá – Agosto de 2019.