quarta-feira, 16 de setembro de 2020

*Resenha do livro : "O Santuário " - James Martin.

 Resenha do livro : "O Santuário" ; James Martin;tradução de Markus Hediger;  ed. Harper Collins Brasil.



         Este livro conta a história de três pessoas : Mark, um arquiteto frustrado ; Anne , uma mãe angustiada e Paul , um padre que se torna abade e sempre está questionando sobre a sua própria vida no monastério !

         A história se passa na cidade de Filadélfia, a segunda maior cidade do estado da Pensilvânia nos Estados Unidos.

         Gostei muito da pessoa do padre e abade Paul ! Ele é sensacional !!!

         Nas orientações dele para Mark e Anne, a gente se depara com muitos esclarecimentos para algumas de nossas indagações sobre Deus, a igreja católica e a vida monástica ! 

         Mark, trabalha como o "faz-tudo" no monastério ! Ele é arquiteto ! Todavia, sua paixão está na atividade de carpintaria !

         Anne é contadora e possuiu pais religiosos, frequentadores do monastério ! Anne mora sozinha e sempre chora a morte  do filho Jeremiah que faleceu por causa de um acidente no trânsito !

         Padre Paul teve uma vida normal antes de se formar na faculdade e optar pela vida religiosa !

         O livro possui apenas 203 páginas e uma linguagem fácil, tranquila, suave !

         Deixo aqui, alguns trechos que eu destaquei durante a minha leitura : 


*Anne :


*Capítulo 18 - "Não tenho certeza se ainda acredito em você, mas quero lhe dizer algo mesmo assim. É o seguinte : não entendo por que tirou o Jeremiah de mim. Por que o tiraste deste mundo. Por que o fizeste morrer da forma como ele morreu. Por que ele morreu e por que os outros garotos sobreviveram. Não que eu quisesse que eles tivessem morrido. Mas eu queria que meu filho estivesse vivo. Jamais entenderei isso. Jamais. Ele era um garoto tão lindo. Quando era pequeno, ele tinha o riso mais doce. Era o som mais lindo que jamais ouvi. Seu pai costumava dizer que deveríamos engarrafar suas risadas e dá-las a pessoas que estivessem tristes, porque aquela risada as curaria. "


*Mark : 


Capítulo 17 - "As perguntas de Mark normalmente giravam em torno de dois assuntos : trabalho e relacionamentos. Seu azar na vida profissional - sua autoestima havia sofrido um golpe duro com a perda de seu emprego - parecia a preocupação maior de Mark . Mas para Paul , a questão mais profunda dizia respeito à sua solidão. Mark saia com muitas mulheres e, apesar de nunca falar diretamente sobre isso, dormia com muitas. Às vezes , ficava bêbado no centro da cidade e caía na cama de qualquer mulher que tivesse conhecido naquela noite. Paul rezava para que ele pudesse ajudar Mark a reconhecer que qualquer trabalho que ele fazia - seja como arquiteto, carpinteiro ou jardineiro - era valioso aos olhos de Deus. E que a essência da vida era amor e intimidade, e não conquistas sexuais aleatórias, por mais gostoso que o sexo pudesse ser." 


*Padre Paul :


" - Fico feliz - disse Paul, reclinando-se em sua poltrona. - Pois este é o primeiro passo na oração : confiar que essas coisas que lhe acontecem vêm de Deus. Pense um pouco de que outra forma Deus poderia se manifestar a nós ? Na maioria das vezes, Deus se manifesta por meio de coisas cotidianas, como por meio de relacionamentos, trabalho, família e amigos. Mas às vezes, como você mesma descobriu no jardim e na capela, Deus se manifesta de modo muito pessoal. E sabe o que é maravilhoso ? Aqueles momentos foram feitos sob medida para você, Anne. Deus usa coisas de sua vida para falar com você : seu amor pela jardinagem, o chapéu de sua mãe, as luvas do seu pai. É um pouco como as parábolas." 



" - Você conhece o velho provérbio - Edward disse, voltando para sua poltrona. - Estes sentimentos desaparecem apenas dez minutos após morrermos. Enquanto reconhecermos esses sentimentos e nos lembrarmos de que, como monges, não precisamos fazer o que eles pedem de nós, estaremos bem. E é importante conversar sobre isso com Deus em sua oração. Tenho certeza de que já lhe disse isso mil anos atrás durante o noviciado, mas esses sentimentos lhe mostram que você continua vivo. - O padre Edward encolheu os ombros e continuou : - Às vezes, é uma luta, é claro. Mas que vida não enfrenta lutas ? A chave é o amor. Enquanto sua castidade o ajudar a amar, você ficará bem. Pois isso é tudo que Deus quer de nós aqui : amor."



*A vida no monastério :


"Ela gostava da ordem em que tudo estava. Tudo parecia estar em seu lugar, bem diferentemente de sua casa - onde caixas e livros e roupas e documentos e arquivos se espalhavam por toda a parte. Aqui, todos os mantos brancos estavam pendurados em seus cabides, todas as panelas balançavam em seus ganchos na cozinha e todos os livros de oração vermelhos descansavam em suas estantes. A simplicidade do prédio também lhe agradava. Era grande, sem dúvida alguma, mas de alguma forma a arquitetura, com suas linhas claras e a quase total falta de ornamentos, espelhava a austeridade dos homens que viviam aqui. Os monges andavam próximos às paredes de tijolo quando passavam por ela, não no meio do corredor, como gesto de reverência aos espaços nos corredores amplos e uns aos outros. Ela gostava da aparência do jardim do claustro ao pôr do sol. Os galhos finos dos cornisos e das cerejeiras balançavam levemente na brisa de verão. "


"Agora, a igreja estava escura. A única fonte de luz era uma lâmpada de bronze perto do altar. Pelas janelas azuis entrava uma luz muito fraca, de modo que até mesmo durante o dia o interior da igreja permanecia às sombras. Anne foi até a pesada mesa de madeira que sustentava a imagem de Maria, que parecia estar olhando diretamente para Anne. Agora, a expressão de Maria parecia mais compassiva. Era curioso como a mesma imagem podia parecer tão diferente após você se familiarizar com ela. "


                     *   *   * 

  


         De zero a dez, dou nota 08 para o livro ! Não dou nove nem dez porque hoje, não mais me apetece este tipo de leitura ! Graças a Deus que o livro possui uma linguagem fluida e poucas páginas ! Eu já estava me irritando diante das lamentações de Anne ! Todavia, para quem gosta de livros sobre espiritualidade e do tipo autoajuda, recomendo !!!

*Observação : li livro fisico. 


Guaratinguetá , Setembro de 2020.




James J. Martin SJ, também conhecido como Jim Martin, é presbítero jesuíta, escritor e editor itinerante da revista jesuíta norte-americana America. Em 2017, o Papa Francisco nomeou Martin como consultor do Secretariado de Comunicações do Vaticano. Wikipédia

Nascimento: 29 de dezembro de 1960 (idade 59 anos), Plymouth Meeting, Pensilvânia, EUA

Ordenação: 1999

Formação: Weston Jesuit School of Theology (1998), Plymouth Whitemarsh High School, Wharton School
Obras editadas: Awake My Soul: Contemporary Catholics on Traditional Devotions, MAIS.

https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Martin

(*Observação : este padre nasceu no ano do meu nascimento e no dia e no mês do meu batismo !!! Interessante !!! ).



quarta-feira, 2 de setembro de 2020

*Resenha : "Relatos de um gato viajante " - Hiro Arikawa.

 

                                 * Relatos de um gato viajante narra a história de um gato de rua que foi adotado por Satoru Miyawaki , um homem que morava sozinho num apartamento e que tinha uma van prata sobre a qual este gato sempre deitava, à noite ! 

                      Este gato recebeu o nome de Nana porque tinha o rabo torto em forma do número 7 ! Satoru o encontrou com uma das patas quebradas na calçada do prédio dele e cuidou dele ! Nana tinha sido atropelado. 

                      A amizade dos dois evoluiu a um ponto realmente admirável ! Fiquei emocionada ! 

                      Ele e Satoru viajam para várias cidades nas quais Satoru irá visitar alguns amigos da época do colégio ! 

                      Nana narra todos os acontecimentos ! Neste livro o protagonista é um gato, um animal, um felino que fala dele, dos sentimentos dele , de Satoru , das paisagens , dos amigos de Satoru e faz comparações do comportamento dos animais com o comportamento dos seres classificados de humanos ! 

                    A leitura é fluida, simples , fácil e envolvente ! No início você tem a impressão de que será um livro mais para o público infantil e / ou infantojuvenil ! Todavia , conforme Nana vai fazendo os seus questionamentos , suas reflexões , suas análises sobre o comportamento dos humanos , você constata que se trata de um livro profundo , sério, envolvente e emocionante ! 

                   A personagem que eu mais gostei foi a Chikako do relato de número 03 e a  Noriko Kashima do penúltimo relato , quer dizer , relato de número 04 ! 

                   Chikako é uma simpatia e Noriko , muito amorosa, embora , de início aparente o contrário !

                     Gostei muito das descriçoes que Nana faz das paisagens e dei risada do susto que ele levou com o barulho das ondas do mar !

                      Nos dois últimos capítulos , parei para pensar em mim , na minha vida e me emocionei muitíssimo com a declaração de amor de Nana para Satoru !!! Chorei.

                     Este livro , eu o li depressa porque ele me envolveu e me emocionou de fato ! Eu não queria que ele acabasse ! Se ele tivesse umas mil páginas , tudo bem ! Isso seria prazeroso pra mim !  Encantei-me com a linguagem simples ! Aprendi que a nossa felicidade está no nosso quotidiano, nas maravilhas , no milagre da vida que todos os dias nos acontecem e para os quais nem sempre damos atenção e importância !!!

                    Satoru era de uma atenção , paciência e delicadeza com Nana que me deixou embevecida ! Percebemos, claramente, como os animais NOS SALVAM das nossas tristezas, carências e solidão !!!

                    Quem é fã de gatos vai amar este livro e quem não é vai se tornar um fã !!! Aprendi muitas coisas sobre os felinos , os "tigrinhos " como fala minha filha que tem uma gata que se chama Melissa e a ama com paixão !!! (Ela é fã de gatos ! ).

                   Este foi o primeiro livro de Hiro Arikawa que eu li e espero por mais livros ( eletrônicos ou físicos ) desta mesma escritora , na Língua Portuguesa do Brasil , para eu comprar e ler ! Gostei muitíssimo deste e-book ( eu o li através do aplicativo Kobo -- e-reader da Livraria Cultura - instalado no meu tablet e aqui neste notebook no qual , agora , redijo esta resenha ! Este e-book, comprei-o há meses aqui no site da Livraria Cultura ! ) e pretendo ler mais livros ( digitais e/ou físicos ) da literatura asiática ! 

                   Aprendi um pouco sobre a cultura japonesa : sua geografia, culinária, comportamento das pessoas e modos delas enfrentarem a vida !!! Achei interessante a capacidade que eles têm de bloquearem , silenciarem as próprias emoções ! Incrível ! Nós latinos choramos muito e alto ! Todos veem que estamos muito triste e ouvem o nosso choro ! Já eles , os japoneses, os asiáticos, os orientais , choram muito POR DENTRO ! No máximo, caem algumas gotículas de lágrima no rosto ! No máximo !!!

                 Não gostei do personagem  Shusuke Sugi  ! Classifico-o de egoísta, covarde, fraco e safado !!! É isso.

                  Separei aqui , entre muitas anotações de expressões, frases, orações, parágrafos deste e-book , alguns textos como exemplo dos comentários de Nana sobre a vida , sobre os animais ( principalmente , os gatos , claro ! ) e sobre nós seres ditos humanos !!! 

                *Primeira anotação : 

                           - E Nana, como é ? - Ele adora ratinhos de brinquedo. Daqueles feitos com pelo de coelho. É por causa do cheiro de mentira ! Então, quando você joga, eu saio correndo atrás, sem pensar, mas quando eu pego o bicho, vejo que não dá pra comer e que por mais que eu morda não sai caldinho nenhum ... Aí me sinto um idiota por ter me esforçado tanto, sabia ? Sabe aquele desenho que passa na televisão, aquele do samurai que fala "Mais uma vez, usei minha espada para algo inútil ! " ? Então, é bem assim que eu me sinto. "Mais uma vez, usei minhas presas para uma caça inútil ! " (Só para constar, acho que Satoru prefere o cara da pistola ao samurai.) Podiam, no mínimo, rechear o bicho com um peito de frango ... Não tem como enviar essa minha reclamação para as empresas desse tipo de produto ? Não adianta dar ouvidos só para os donos dos animais, vocês têm que olhar para seus verdadeiros fregueses ! Nós somos os usuários finais. " (*Página 52 - Relato 1: Kosuke Sawada ; leitura realizada através do aplicativo Kobo no meu notebook ! Comprei este e-book, há alguns anos , na Livraria Cultura e ela não está disponibilizando para venda o e-reader dela que se chama Kobo ! )."


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*Segunda anotação : 


 - A relação entre pais e filhos é diferente em cada família. Eu nunca quís que meus pais morressem, é claro, mas isso é porque a gente se dava bem. Não sei como eu me sentiria se eles fossem diferentes. Não é à toa que dizem que a pior coisa são relações de sangue que azedam ... Como Kosuke continuava se sentindo culpado, Satoru deu um sorriso maldoso e brincou : - Se fosse eu no seu lugar, também não sei se conseguiria gostar do meu pai ... Kosuke riu ao tentar imaginar a proposição absurda. - Acho que algumas pessoas no mundo não deveriam ter filhos - prosseguiu Satoru. - O amor entre pais e filhos não é uma coisa garantida. " (Relato 1 - Kosuke Sawada ; p. 99 de 114 )."


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*Terceira Anotação : 


      "Então o mar se abriu diante dos meus olhos. Era uma quantidade aterradora de água, investindo na nossa direção sem parar. - Olha só, Nana, o mar !Está vendo as ondas ? Legal, né ? Legal ? O que é que tem de legal aqui ? Por acaso você acha legal essa quantidade infinita de água, assustadoramente forte, se mexendo sem parar nesse moto perpétuo ? Mas vocês, humanos, são muito sossegados, mesmo ! Não sei o que acontece com as pessoas se elas caírem nisso aí, mas se for um gato, ele morre ! " (* Relato 2 : Daigo Yoshimine; p. 121 de 126. )"


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*Quarta anotação :


Quantos gatos do Japão já viram o monte Fuji ? Não devem ser muitos, fora os que moram aqui perto. Essa van prata é um carro mágico ! Sempre que entro aqui, vou parar em algum lugar que nunca vi. Somos o humano viajante e o gato viajante mais incríveis do mundo. Com certeza. " (* Relato 3 :Shusuke Sugi e Chikako Sakita, p. 19 de 123 )"


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*Quinta anotação :


"¨Para nós, gatos, assim que a fêmea escolhe seu parceiro, fica tudo preto no branco. E não somos só nós; para todos os animais, exceto os humanos, nos assuntos amorosos a decisão da fêmea é final e absoluta. Se bem que eu nunca cheguei a provar do amor, pois fui morar com Satoru quando ainda era jovem. Naquela época, eu ainda era um cavalheiro delicado demais para tentar conquistar uma fêmea. Deveria ter sido mais corajoso e direto, que nem Yoshimine. Aquele lá, se fosse um gato, seria muito popular." ( *Relato 3 : Shusuke Sugi e Chikako; p. 89 de 123 )."


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*Sexta anotação :


  "Por fim, até as casas foram rareando e a rua virou uma ladeira. Estávamos subindo um morro e no alto havia um portão, por onde entramos com a van. O terreno lá dentro era todinho dividido em quadrados, até onde a vista alcançava, e dentro dos quadrados se enfileiravam pedras também quadradas. Ah, eu sei o que é isso ! Vi na televisão. São túmulos. Pelo jeito, os humanos gostam de colocar umas pedras chiques em cima de si mesmos depois de morrer. Lembro que quando vi isso na televisão achei um costume bem peculiar. Eles estavam falando que os túmulos são caros e não sei mais o quê. Quando chega a hora dos animais, descansamos ali mesmo, onde cairmos. Esses humanos ... realmente, são umas criaturas meio neuróticas, se precisam deixar preparado um lugar para dormir depois da morte. Assim a vida é complicada. Se a gente fica pensando até no que vai acontecer depois que morrer, não pode só bater as botas simplesmente, onde estiver. " ( *Relato3.5 : A última viagem, p. 45 de 70 )"


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*Sétima anotação :


"Todo mundo acha perfeitamente natural largar os gatos de rua por aí, mas Satoru me socorreu quando eu quebrei a perna. Só isso já teria sido um milagre, mas ainda por cima fui morar com ele ! Fui o gato mais feliz do mundo. Por isso, mesmo que Satoru não possa mais cuidar de mim, não estará me tirando nada. Eu só ganhei. Ganhei o nome Nana e os cinco anos que vivi com ele. ( *Relato 4 : Noriko Kashima ; p. 72 de 116 )."          


                                                      *   *   * 

*Gostei muito deste livro e entre zero e dez , dou nota DEZ !!! Pretendo relê-lo um dia. Recomendo a leitura do mesmo. 


*Guaratinguetá , Setembro de 2020.



* Hiro Arikawa *  

BIOGRAFIA

Hiro Arikawa é uma escritora japonesa, nascida em 1972 em Kochi. Os seus romances são bestsellers no Japão e muitos deles já foram adaptados para televisão e cinema. Memórias de um Gato Viajante encantou leitores à escala global e tornou-se um inesperado bestseller internacional.

Nascimento: 9 de junho de 1972 (idade 48 anos), Kōchi, Japão
Formação: Sonoda Women's University/Sonoda Women's CollegeCollege
Filmes: Library Wars, The Travelling Cat Chronicles, MAIS
Indicações: Prêmio Naoki
Programa: Freeter, Ie wo Kau.


https://en.wikipedia.org/wiki/Hiro_Arikawa